quarta-feira, 28 de abril de 2010

"Há vida extraterrestre, mas devemos ignorá-la"

Stephen Hawking: "Há vida extraterrestre, mas devemos ignorá-la"
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Muito além do planeta Terra existem formas de vida, mas os humanos devem fazer todo o possível para evitar contatos com espécies alienígenas, opina Stephen Hawking, celebre astrofísico britânico e um dos cientistas mais importantes da atualidade.

"A vida biológica seguramente existe em muitas partes do Universo. Além da superfície planetária, poderia se encontrar nos núcleos de estrelas e nos espaços cósmicos em forma de nuvens de microorganismos", assinala Hawking em um novo documentário que será exibido pela cadeia de televisão Discovery, cujos trechos foram resumidos pelo semanário britânico The Sunday Times.

A argumentação de Hawking a favor da existência de vida extraterrestre é muito simples: o Universo tem 100 bilhões de galáxias, com bilhões de estrelas em cada uma delas, assim, a possibilidade de que haja vida somente no planeta Terra é praticamente nula.

"A partir do ponto de vista matemático, a existência de alienígenas é uma conclusão racional. O problema está na aparência e nas intenções que tiverem esses alienígenas", indica o cientista.

Na opinião de Hawking, na maioria dos casos se trataria de alálogos dos micróbios e organismos primitivos que povoaram a Terra durante a maior parte da existência da vida no planeta.

Não obstante, o físico adverte sobre contatos com seres vivos extraterrestre, alguns dos quais poderiam supor uma grave ameaça para a humanidade, chegando inclusive a invadir e saquear nosso planeta.

"Precisamos apenas olhar para nós mesmos para ver como a vida inteligente pode transformar-se em algo com o que não gostariamos de encontrar. Fico imaginando seres extraterrestres que vivem em enormes naves espaciais que, após esgotar os recursos naturais de seu planeta, perambulam pelo Universo em busca de outro lugar para fazer o mesmo", diz Hawking.

Segundo o cientista, uma visita alienígena à Terra poderia ter para os humanos o mesmo resultado "não muito favorável" que a expedição de Cristóvão Colombo teve para os indígenas americanos.

As suposições de Hawking são compartilhadas por seu colega Brian Cox, que vê como provável a vida em Marte, Europa (satélite de Júpiter) e Titã (satélite de Saturno).

Por sua vez, o astrônomo britânico Martin Rees adverte que a vida inteligente extraterrestre pode escapar ao entedimento humano, da mesma forma que os chimpanzés são incapazes de entender a teoria quântica.
Pós-eleitoral cronograma: Se há um parlamento dividido

Por Margaret Ryan
Notícia da BBC

Se nenhum partido ganha uma maioria absoluta na noite da eleição, que acontece a seguir? Gordon Brown faz as malas e deixar n º 10, se houver MPs mais conservadores do que os deputados do Trabalho? Aqui está um guia de como as coisas iriam jogar fora se houver um parlamento dividido.
Que acontece se um partido ganha A MAIORIA
Deve ficar claro pela manhã na sexta-feira 07 de maio se nenhum partido obteve uma maioria de deputados no novo Parlamento. Se esta parte estava a ser os conservadores Gordon Brown seria de esperar a admitir em um telefonema de David Cameron, viajar para o Palácio de demissão e sair do número 10. O Sr. Cameron iria viajar para o Palácio da Rainha, onde iria convidá-lo a formar um governo, ele teria então chefe de Downing Street e ir diretamente a trabalhar na sexta-feira à tarde como o primeiro-ministro do Reino Unido.
O que acontece na sexta-feira 07 de maio Se ninguém obtiver
Existem vários cenários e possíveis resultados e algumas regras duras e rápidas, como o que vai acontecer se nenhum partido MPs bastante - 325 - para garantir que eles podem ganhar votos, mesmo que todos os outros deputados no Parlamento votar contra eles. Mas a visão de especialistas em direito constitucional, e precedentes do passado é que se este for o caso, Gordon Brown, como o então primeiro-ministro, terá o direito de ficar e tentar formar um governo. Isto é, mesmo os conservadores têm a maioria dos lugares. Ele não tem que ir até é óbvio que ele não merecer a confiança do Parlamento - o que significaria ser derrotado na votação da Queen's Speech, ou, se ele sobreviveu a uma moção de não confiança no subseqüente Commons. Mas, exatamente como os eventos se desdobram só pode ser especulação, nesta fase, diz a Dra. Ruth Fox, diretor do Parlamento da Sociedade Hansard e programa de governo.
Semanas de negociatas a seguir?
Não há prazo formal para que o governo deve ser formado, mas o momento chave será Discurso da Rainha em 25 de Maio. A preparação para isso é provável que assistamos a uma rodada de negociações entre as partes para ver quem consegue a confiança na Câmara dos Comuns. "Eu não acho que podemos ir concebível de 6 maio - 25 maio, com pessoas sem idéia do que vai acontecer," diz a Senhora Fox. Em vez disso, ela acredita que seria evidente dentro de dias se houver a possibilidade de um acordo entre as partes. "Isso vai determinar o rumo do governo", diz ela. Mas os mais pequenos detalhes da política poderia ser trabalhado posteriormente. Um partido sem maioria absoluta pode permanecer no poder, forjando uma aliança com outro partido para criar um governo de coalizão. Ou pode-se formar um governo minoritário, sem acordos formais com outros partidos e, em vez de tentar formar maiorias em favor de cada projeto individual, uma vez que vem à tona.
Professor Robert Hazell do Instituto de Governo, em um parlamento tremido.
Se a matemática significa Trabalho e Lib Dem MPs combinada total de mais de 325 Brown pode iniciar conversações com Lib Dem líder Nick Clegg, para ver se há uma "base para um acordo". David Cameron pode decidiu fazer o mesmo. Professor Robert Hazell, do Instituto de Governo, diz que se os Dems do liberal manter o equilíbrio de poder que se traduziria em definir os termos da negociação entre as partes nestes primeiros dias. "Eles vão decidir com quem quer negociar em primeiro lugar. Eles podem querer negociar com os dois principais partidos, simultaneamente, se ambos possuem um número aproximadamente igual de lugares." E os Dems do liberal também será capaz de amplamente chamar a tiros em dizer se eles estão a negociar sobre o apoio de um governo minoritário ou se, como parte de seus mandatos, eles querem um governo de coalizão. "Tudo o que vai cair sobre os números da nova Câmara dos Comuns." Ele diz que o público está sendo utilizado para as eleições em mais de um dia ou dois, mas o seu melhor palpite é que, em um Parlamento dividido, as negociações para formar um governo pode levar entre uma semana a 10 dias. E dependendo da matemática - se dizer que os conservadores são apenas poucos deputados da maioria - eles podem ser capazes de fazer um acordo com deputados de outros partidos ao invés de os Dems do liberal ou do Trabalho.
Grécia crise: os mercados euro bateu novo

O que deu errado na Grécia?

reformas econômicas da Grécia que levou a que o abandono da dracma em favor do euro, em 2002, tornou mais fácil para o país a pedir dinheiro emprestado.
BACK1 de 6NEXT
mercados europeus continuam a cair fortemente em meio a especulações sobre o futuro da economia grega.
Acções em Paris e Frankfurt caíram mais de 2% na manhã de quarta-feira, após a desclassificação da dívida da Grécia para "junk" status.
índice principal da Espanha está abaixo de 3,3%, enquanto em Portugal - que também teve seu rating de crédito de corte - As ações caíram 4%.
Entretanto, o euro caiu para um novo um ano de baixa contra o dólar, antes de recuperar um pouco.
Overnight índice principal da parte de Japão, o Nikkei 225, fechou mais de 2,5%, após queda acentuada dos estoques europeus na terça-feira.
Grécia reguladores do mercado de ações também foram forçados a impor uma proibição de venda a descoberto, em meio a preocupações de que as ações de bancos gregos estão a ser neutralizados pelos especuladores.
teme contágio
Global partes caíram depois que a agência de notação de crédito Standard & Poor's rebaixou a dívida grega para "junk" na terça-feira.
Isso significa que a agência de notação de pontos de vista na Grécia como um lugar mais arriscado para investir, os investidores e aumenta a taxa de juro irá cobrar do governo grego para empréstimos.
Na quarta-feira, que a taxa de juro atingiu 11,3% em 10 anos obrigações grego - outro recorde histórico para um país da zona do euro.

O mercado está agora a olhar para cada país com muita curiosidade
Gilles Moec, economista europeu sênior do Deutsche Bank
Existe a preocupação entre alguns investidores de que a crise grega pode se espalhar para outras economias da zona euro vulneráveis.
Os rendimentos em espanhol títulos de 10 anos, também chegou a seu nível mais alto - 4,27% - desde que o euro foi lançado.
Enquanto isso, os investidores estão exigindo uma taxa de juro perto de 6% a partir de Portugal - outra economia europeia relativamente fraco.
"Se aumentar muito o rendimento Portugal ainda pode, como a Grécia, estar em uma posição onde] empréstimos [no mercado livre se torna caro demais", advertiu Jane Foley, diretor de pesquisa da moeda comerciante Forex.com.
Na terça-feira, uma outra economia endividada, Portugal, viu a sua notação de crédito rebaixado pela Standard & Poor's por dois pontos para A-.
"O mercado está agora a olhar para cada país com muita curiosidade", disse Gilles Moec, economista europeu sênior do Deutsche Bank.
Mas ele disse que outros países não estavam na mesma dire straits como a Grécia.
"Portugal é claramente o país mais frágil depois da Grécia, mas mesmo assim há bastante distância entre [os dois países]", disse ele à BBC.
"O nível de dívida antes do início da recessão foi muito mais elevada na Grécia. A pressão imediata sobre as necessidades de financiamento em Portugal é [portanto não] tão terrível".
Ele acrescentou que os investidores agora precisava ver clareza nos planos para salvar a economia grega.
Proposta de emergência
Mais tarde na quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o chefe vai chegar em Berlim, para exortar os deputados alemães para concordar com um acordo de resgate, dando Grécia bilhões de euros em empréstimos.

trabalhadores do setor público de protesto em Atenas

Dominique Strauss-Kahn viajará para a Alemanha junto com o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, de frente para os políticos que, até agora, manifestaram dúvidas sobre o bail-out.
Como maior economia da Europa, o envolvimento da Alemanha em qualquer acordo de resgate é fundamental, enquanto o governo está lutando com a oposição pública e política para um bail-out.
A chanceler alemã, Angela Merkel insistiu em que a Grécia precisa mostrar medidas mais duras para cortar gastos.
"Você tem que economizar, você tem que se tornar justo, você tem que ser honesto, se não, ninguém pode ajudá-lo", alertou na terça-feira.
Em Berlim, o correspondente da BBC Steve Rosenberg disse que os políticos mais antigos eram ainda insistindo que era "muito cedo para dizer" se um acordo de resgate seria acordado.
De acordo com Simon Derrick, do Bank of New York Mellon, o tempo está acabando para a Grécia para garantir um acordo.
TER SUA PALAVRA
Os gregos precisam aceitar a dor que é a consequência inevitável e previsível
MarkGE
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"A mensagem que tem vindo a surgir a partir dos mercados esta semana é que a resolução da crise grega precisa ser encontrados no próximos dias", disse ele, alertando que os atrasos "risco de contágio por meio de ignição sul da Europa".
Na terça-feira, o presidente do Conselho Europeu de Herman Van Rompuy anunciou uma reunião de chefes de estado da zona do euro e do governo seria realizada em 10 de maio para discutir a crise grega.
Ele insistiu que as negociações sobre a ajuda estavam "no bom caminho» e que não havia "nenhuma pergunta sobre a reestruturação" da dívida grega.
A Grécia também tem de assegurar, pelo menos, algum financiamento em meados de maio, quando é devido para pagar os investidores sobre 8.5bn de euros de dívida.
Existe uma oposição significativa para o tratamento da crise na própria Grécia, com alguns manifestantes, que pediam o país dar calote em suas dívidas assim que os bancos estrangeiros que pagam o preço pela crise.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

jose adriano

Carta Pastoral
do Santo Padre Bento XVI
aos Católicos na Irlanda






Tradução não oficial

1. Amados Irmãos e Irmãs da Igreja na Irlanda, é com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram.

Como sabeis, convidei recentemente os bispos irlandeses para um encontro aqui em Roma a fim de referir sobre o modo como trataram estas questões no passado e indicar os passos que empreenderam para responder a esta grave situação. Juntamente com alguns altos Prelados da Cúria Romana ouvi quanto tinham para dizer, quer individualmente quer em grupo, enquanto propunham uma análise dos erros cometidos e das lições aprendidads, e uma descrição dos programas e dos protocolos hoje existente. As nossas reflexões foram francas e construtivas. Alimento a confiança de que, como resultado, os bispos se encontrem agora numa posição mais forte para levar por diante a tarefa de reparar as injustiças do passado e para enfrentar as temáticas mais amplas relacionadas com o abuso dos menores segundo modalidades conformes com as exigências da justiça e com os ensinamentos do Evangelho.

2. Por meu lado, considerando a gravidade destas culpas e a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país,, decidi escrever esta Carta Pastoral para vos expressar a minha proximidade, e para vos propor um caminho de cura, de renovação e de reparação.

Na realidade, como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja. Contudo a tarefa que agora tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer. É preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus.

Ao mesmo tempo, devo expressar também a minha convicção de que, para se recuperar desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve em primeiro lugar reconhecer diante do Senhor e diante dos outros, os graves pecados cometidos contra jovens indefesos. Esta consciência, acompanhada de sincera dor pelo dano causado às vítimas e às suas famílias, deve levar a um esforço concentrado para garantir a protecção dos jovens em relação a semelhantes crimes no futuro.

Enquanto enfretais os desafios deste momento, peço-vos que vos recordeis da «rocha de que fostes talhados» (Is 51, 1). Reflecti sobre as contribuições generosas, com frequência heróicas, oferecidas à Igreja e à humanidade como tal pelas passadas gerações de homens e mulheres irlandeses, e deixai que isto gere impulso para um honesto auto-exame e um convicto programa de renovação eclesial e individual. A minha oração é por que, assistida pela intercessão dos seus muitos santos e purificada pela penitência, a Igreja na Irlanda supere a presente crise e volte a ser uma testemunha convincente da verdade e da bondade de Deus omnipotente, manifestadas no seu Filho Jesus Cristo.

3. Historicamente os católicos da Irlanda demonstraram-se uma grande força de bem quer na pátria quer fora. Monges célticos, como São Colombano, difundiram o Evangelho na Europa Ocidental lançando as bases da cultura monástica medieval. Os ideais de santidade, de caridade e de sabedoria transcendente que derivam da fé cristã, encontraram expressão na construção de igrejas e mosteiros e na instituição de escolas, bibliotecas e hospitais que consolidaram a identidade espiritual da Europa. Aqueles missionários irlandeses tiraram a sua força e inspiração da fé sólida, da guia forte e dos comportamentos morais rectos da Igreja na sua terra natal.

A partir do século XVI, os católicos na Irlanda sofreram um longo período de perseguição, durante o qual lutaram para manter viva a chama da fé em circunstâncias perigosas e difíceis. Santo Oliver Plunkett, o Arcebispo mártir de Armagh, é o exemplo mais famoso de uma multidão de corajosos filhos e filhas da Irlanda dispostos a dar a própria vida pela fidelidade ao Evangelho. Depois da Emancipação Católica, a Igreja teve a liberdade de crescer de novo. Famílias e inúmeras pessoas que tinham preservado a fé durante os tempos das provações tornaram-se a centelha de um grande renascimento do catolicismo irlandês no século XIX. A Igreja forneceu escolarização, sobretudo aos pobres, e isto deu uma grande contribuição à sociedade irlandesa. Um dos frutos das novas escolas católicas foi um aumento de vocações: gerações de sacerdotes, irmãs e irmãos missionários deixaram a pátria para servir em todos os continentes, sobretudo no mundo de língua inglesa. Foram admiráveis não só pela vastidão do seu número, mas também pela robustez da fé e pela solidez do seu empenho pastoral. Muitas dioceses, sobretudo em África, América e Austrália, beneficiaram da presença de clero e religiosos irlandeses que anunciaram o Evangelho e fundaram paróquias, escolas e universidades, clínicas e hospitais, que serviram tanto os católicos, como a sociedade em geral, com atenção especial às necessidades dos pobres.

Em quase todas as famílias da Irlanda houve alguém – um filho ou uma filha, uma tia ou um tio – que deu a própria vida à Igreja. Justamente as famílias irlandesas têm em grande estima e afecto os seus queridos, que ofereceram a própria vida a Cristo, partilhando o dom da fé com outros e actualizando-a num serviço amoroso a Deus e ao próximo.

4. Contudo, nos últimos decénios a Igreja no vosso país teve que se confrontar com novos e graves desafios à fé que surgiram da rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa. Verificou-se uma mudança social muito rápida, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos. Com frequência as práticas sacramentais e devocionais que sustentam a fé e a tornam capaz de crescer, como por exemplo a confissão frequente, a oração quotidiana e os ritos anuais, não foram atendidas. Determinante foi também neste período a tendência, até da parte de sacerdotes e religiosos, para adoptar modos de pensamento e de juízo das realidades seculares sem referência suficiente ao Evangelho. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar. Em particular, houve uma tendência, ditada por recta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canónicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos.

Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise actual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os factores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa. É preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado.

5. Em diversas ocasiões desde a minha eleição para a Sé de Pedro, encontrei vítimas de abusos sexuais, assim como estou disponível a fazê-lo no futuro. Detive-me com elas, ouvi as suas vicissitudes, tomei nota do seu sofrimento, rezei com e por elas. Precedentemente no meu pontificado, na preocupação por enfrentar este tema, pedi aos Bispos da Irlanda, por ocasião da visita ad limina de 2006, que «estabelecessem a verdade de quanto aconteceu no passado, tomassem todas as medidas adequadas para evitar que se repita no futuro, garantissem que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curassem as vítimas e quantos são atingidos por estes crimes abnormes» (Discurso aos Bispos da Irlanda, 28 de Outubro de 2006).

Com esta Carta, pretendo exortar todos vós, como povo de Deus na Irlanda, a reflectir sobre as feridas infligidas ao corpo de Cristo, sobre os remédios, por vezes dolorosos, necessários para as atar e curar, e sobre a necessidade de unidade, de caridade e de ajuda recíproca no longo processo de restabelecimento e de renovação eclesial. Dirijo-me agora a vós com palavras que me vêm do coração, e desejo falar a cada um de vós individualmente e a todos como irmãos e irmãs no Senhor.

6. Às vítimas de abuso e às suas famílias

Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia. Quantos de vós sofrestes abusos nos colégios deveis ter compreendido que não havia modo de evitar os vossos sofrimentos. É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é infrangido e nós renascemos para a vida e para a esperança. Creio firmemente no poder restabelecedor do seu amor sacrifical – também nas situações mais obscuras e sem esperança – que traz a libertação e a promessa de um novo início.

Dirigindo-me a vós como pastor, preocupado pelo bem de todos os filhos de Deus, peço-vos com humildade que reflictais sobre quanto vos disse. Rezo a fim de que, aproximando-vos de Cristo e participando na vida da sua Igreja – uma Igreja purificada pela penitência e renovada na caridade pastoral – possais redescobrir o amor infinito de Cristo por todos vós. Tenho confiança em que deste modo sereis capazes de encontrar reconciliação, profunda cura interior e paz.

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

8. Aos pais

Ficastes profundamente transtornados ao tomar conhecimento das coisas terríveis que tiveram lugar naquele que deveria ter sido o ambiente mais seguro para todos. No mundo de hoje não é fácil construir um lar doméstico e educar os filhos. Eles merecem crescer num ambiente seguro, amados e queridos, com um forte sentido da sua identidade e do seu valor. Têm direito a ser educados nos valores morais autênticos, radicados na dignidade da pessoa humana, a serem inspirados pela verdade da nossa fé católica e a aprender modos de comportamento e de acção que os levem a uma sadia estima de si e à felicidade duradoura. Esta tarefa nobre e exigente está confiada em primeiro lugar a vós, seus pais. Exorto-vos a fazer a vossa parte para garantir a melhor cura possível dos jovens, quer em casa quer na sociedade em geral, enquanto que a Igreja, por seu lado, continua a pôr em prática as medidas adoptadas nos últimos anos para tutelar os jovens nos ambients paroquiais e educativos. Enquanto dais continuidade às vossas importantes responsabilidades, certifico-vos de que estou próximo de vós e que vos dou o apoio da minha oração.

9. Aos meninos e aos jovens da Irlanda

Desejo oferecer-vos uma particular palavra de encorajamento. A vossa experiência de Igreja é muito diversa da que fizeram os vossos pais e avós. O mundo mudou muito desde quando eles tinham a vossa idade. Não obstante, todos, em cada geração, estão chamados a percorrer o mesmo caminho da vida, sejam quais forem as circunstâncias. Todos estamos escandalizados com os pecados e as falências de alguns membros da Igreja, sobretudo de quantos foram escolhidos de modo especial para guiar e servir os jovens. Mas é na Igreja que encontrareis Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele ama-vos e ofereceu-se a si próprio na Cruz por vós. Procurai uma relação pessoal com ele na comunhão da sua Igreja, porque ele nunca trairá a vossa confiança! Só ele pode satisfazer as vossas expectativas mais profundas e conferir às vossas vidas o seu significado mais pleno orientando-as para o serviço ao próximo. Mantende o olhar fixo em Jesus e na sua bondade e protegei no vosso coração a chama da fé. Juntamente com os vossos irmãos católicos na Irlanda olho para vós a fim de que sejais discípulos fiéis do nosso Deus e contribuais com o vosso entusiasmo e com o vosso idealismo tão necessários para a reconstrução e para o renovamento da nossa amada Igreja.

10. Aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda

Todos nós estamos a sofrer como consequência dos pecados dos nossos irmãos que traíram uma ordem sagrada ou não enfrentaram de modo justo e responsável as acusações de abuso. Perante o ultraje e a indignação que isto causou, não só entre os leigos mas também entre vós e as vossas comunidades religiosas, muitos de vós sentis-vos pessoalmente desanimados e também abandonados. Além disso, estou consciente de que aos olhos de alguns sois culpados por associação, e considerados como que de certo modo responsáveis pelos delitos de outros. Neste tempo de sofrimento, desejo reconhecer-vos a dedicação da vossa vida de sacerdotes e de religiosos e dos vossos apostolados, e convido-vos a reafirmar a vossa fé em Cristo, o vosso amor à sua Igreja e a vossa confiança na promessa de redenção, de perdão e de renovação interior do Evangelho. Deste modo, demonstrareis a todos que onde abunda o pecado, superabunda a graça (cf. Rm 5, 20).

Sei que muitos de vós estais desiludidos, transtornados e encolerizados pelo modo como estas questões foram tratadas por alguns dos vossos superiores. Não obstante, é essencial que colaboreis de perto com quantos têm a autoridade e que vos comprometais para fazer com que as medidas adoptadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes. Sobretudo, exorto-vos a tornar-vos cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, seguindo com coragem o caminho da conversão, da purificação e da reconciliação. Deste modo, a Igreja na Irlanda haurirá nova vida e vitalidade do vosso testemunho ao poder redentor do Senhor tornado visível na vossa vida.

11. Aos meus irmãos bispos

Não se pode negar que alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canónico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens. Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações. Compreendo como era difícil lançar mão da extensão e da complexidade do problema, obter informações fiáveis e tomar decisões justas à luz de conselhos divergentes de peritos. Contudo, deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência. Aprecio os esforços que fizestes para remediar os erros do passado e para garantir que não se repitam. Além de pôr plenamente em prática as normas do direito canónico ao enfrentar os casos de abuso de jovens, continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência. Claramente, os superiores religiosos devem fazer o mesmo. Também eles participaram em recentes encontros aqui em Roma destinados a estabelecer uma abordagem clara e coerente destas questões. É obrigatório que as normas da Igreja na Irlanda para a tutela dos jovens sejam constantemente revistas e actualizadas e que sejam aplicadas de modo total e imparcial em conformidade com o direito canónico.

Só uma acção decidida levada em frente com total honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito e a benquerença dos Irlandeses em relação à Igreja à qual consagrámos a nossa vida. Isto deve brotar, antes de tudo, do exame de vós próprios, da purificação interior e da renovação espiritual. O povo da Irlanda espera justamente que sejais homens de Deus, que sejais santos, que vivais com simplicidade, que procureis todos os dias a conversão pessoal. Para ele, segundo a expressão de Santo Agostinho, sois bispos; contudo estais chamados a ser com eles seguidores de Cristo (cf. Discurso 340, 1). Exorto-vos portanto a renovar o vosso sentido de responsabilidade diante de Deus, a crescer em solidariedade com o vosso povo e a aprofundar a vossa solicitude pastoral por todos os membros da vossa grei. Em particular, sede sensíveis à vida espiritual e moral de cada um dos vossos sacerdotes. Sede um exemplo com as vossas próprias vidas, estai-lhes próximos, ouvi as suas preocupações, oferecei-lhes encorajamento neste tempo de dificuldades e alimentai a chama do seu amor a Cristo e o seu compromisso no serviço dos seus irmãos e irmãs.

Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com que sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1 Pd 3, 15), e cooperem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto, por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade redentora de Cristo.

12. A todos os fiéis da Irlanda

A experiência que um jovem faz da Igreja deveria dar sempre fruto num encontro pessoal e vivificante com Jesus Cristo numa comunidade que ama e que oferece alimento. Neste ambiente, os jovens devem ser encorajados a crescer até à sua plena estatura humana e espiritual, a aspirar por ideais nobres de santidade, de caridade e de verdade e a inspirar-se nas riquezas de uma grande tradição religiosa e cultural. Na nossa sociedade cada vez mais secularizada, na qual também nós critãos muitas vezes temos dificuldade em falar da dimensão transcendente da nossa existência, precisamos de encontrar novos caminhos para transmitir aos jovens a beleza e a riqueza da amizade com Jesus Cristo na comunhão da sua Igreja. Ao enfrentar a presente crise, as medidas para se ocupar de modo justo de cada um dos crimes são essenciais, mas sozinhas não são suficientes: há necessidade de uma nova visão para inspirar a geração actual e as futuras a fazer tesouro do dom da nossa fé comum. Caminhando pela via indicada pelo Evangelho, observando os mandamentos e conformando a nossa vida de maneira cada vez mais próxima com a pessoa de Jesus Cristo, fareis a experiência da renovação profunda da qual hoje há uma urgente necessidade. Convido-vos a todos a perseverar neste caminho.

13. Amados irmãos e irmãs em Cristo, é com profunda preocupação por todos vós neste tempo de sofrimento, no qual a fragilidade da condição humana foi tão claramente revelada, que desejei oferecer-vos estas palavras de encorajamento e de apoio. Espero que as acolhais como um sinal da minha proximidade espiritual e da minha confiança na vossa capacidade de responder aos desafios do momento actual tirando renovada inspiração e força das nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, de perseverança na fé e de firmeza na consecução da santidade. Juntamente com todos vós, rezo com insistência para que, com a graça de Deus, as feridas que atingiram muitas pessoas e famílias possam ser curadas e que a Igreja na Irlanda possa conhecer uma época de renascimento e de renovação espiritual.

14. Desejo propor-vos algumas iniciativas concretas para enfrentar a situação. No final do meu encontro com os Bispos da Irlanda, pedi que a Quaresma deste ano fosse considerada como tempo de oração para uma efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e de força do Espírito Santo sobre a Igreja no vosso país. Agora convido todos vós a dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade. Peço-vos que ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda. Encorajo-vos a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a valer-vos com mais frequência da força transformadora da sua graça.

Deve ser dedicada também particular atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deverão haver igrejas ou capelas reservadas especificamente para esta finalidade. Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles. Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).

Além disso, depois de me ter consultado e rezado sobre a questão, tenciono anunciar uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas. A Visita propõe-se ajudar a Igreja local no seu caminho de renovação e será estabelecida em cooperação com as repartições competentes da Cúria Romana e com a Conferência Episcopal Irlandesa. Os pormenores serão anunciados no devido momento.

Além disso proponho que se realize uma Missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Alimento a esperança de que, haurindo da competência de peritos pregadores e organizadores de retiros quer da Irlanda como de outras partes, e reexaminando os documentos conciliares, os ritos litúrgicos da ordenação e da profissão e os recentes ensinamentos pontifícios, alcanceis um apreço mais profundo das vossas respectivas vocações, de modo a redescobrir as raízes da vossa fé em Jesus Cristo e a beber abundantemente nas fontes da água viva que ele vos oferece através da sua Igreja.

Neste Ano dedicado aos Sacerdotes, recomendo-vos de modo muito particular a figura de São João Maria Vianney, que teve uma compreensão tão rica do mistério do sacerdócio. «O sacerdote, escreveu, possui a chave dos tesouros do céu: é ele quem abre a porta, é ele o dispensador do bom Deus, o administrador dos seus bens». O cura d’Ars compreendeu bem como é grandemente abençoada uma comunidade quando é servida por um sacerdote bom e santo. «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o tesouro maior que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Por intercessão de São João Maria Vianney possa o sacerdócio na Irlanda retomar vida e a inteira Igreja na Irlanda crescer na estima do grande dom do ministério sacerdotal.

Aproveito esta ocasião para agradecer desde já a quantos se comprometerem no empenho de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como os tantos homens e mulheres que em toda a Irlanda já se comprometeram pela tutela dos jovens nos ambientes eclesiásticos. Desde quando a gravidade e a extensão do problema dos abusos sexuais dos jovens em instituições católicas começou a ser plenamente compreendido, a Igreja desempenhou uma grande quantidade de trabalho em muitas partes do mundo, a fim de o enfrentar e remediar. Enquanto não se deve poupar esforço algum para melhorar e actualizar procedimentos já existentes, encoraja-me o facto de que as práticas de tutela em vigor, adoptadas pelas Igrejas locais, são consideradas, nalgumas partes do mundo, um modelo que deve ser seguido por outras instituições.

Desejo concluir esta Carta com uma especial Oração pela Igreja na Irlanda, que vos envio com o cuidado que um pai tem pelos seus filhos e com o afecto de um cristão como vós, escandalizado e ferido por quanto aconteceu na nossa amada Igreja. Ao utilizardes esta oração nas vossas famílias, paróquias e comunidades, que a Bem-Aventurada Virgem Maria vos proteja e vos guie pelo caminho que conduz a uma união mais estreita com o seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afecto e firme confiança nas promessas de Deus, concedo de coração a todos vós a minha Bênção Apostólica em penhor de força e paz no Senhor.

Vaticano, 19 de Março de 2010, Solenidade de São José

Benedictus PP. XVI



ORAÇÃO PELA IGREJA NA IRLANDA



Deus dos nossos pais,
Renova-nos na fé que é para nós vida e salvação
na esperança que promete perdão e renovação interior,
na caridade que purifica e abre os nossos corações
para te amar, e em ti, amar todos os nossos irmãos e irmãs.

Senhor Jesus Cristo
possa a Igreja na Irlanda renovar o seu milenário compromisso
na formação dos nossos jovens no caminho da verdade,
da bondade, da santidade e do serviço generoso à sociedade.

Espírito Santo, consolador, advogado e guia,
inspira uma nova primavera de santidade e de zelo apostólico
para a Igreja na Irlanda.

Possa a nossa tristeza e as nossas lágrimas
o nosso esforço sincero por corrigir os erros do passado,
e o nosso firme propósito de correcção,
dar abundantes frutos de graça
para o aprofundamento da fé
nas nossas famílias, paróquias, escolas e associações,
e para o progresso espiritual da sociedade irlandesa,
e para o crescimento da caridade, da justiça, da alegria
e da paz, na inteira família humana.

A ti, Trindade,
com plena confiança na amorosa protecção de Maria,
Rainha da Irlanda, nossa Mãe,
e de São Patrício, de Santa Brígida e de todos os santos,
recomendamos a nós próprios, os nossos jovens,
e as necessidades da Igreja na Irlanda.

Amém.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O AMOR

Amor não é se envolver com a pessoa perfeita,
aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

o amor romantico

O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.

ROMANTICO

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?